Tempo de leitura: 9 minutos
Como prover soluções nativas para a Cloud? Como saber se minha arquitetura é madura o suficiente para prover valor para o negócio de forma segura, sustentável, resiliente e com alta performance?
Essas são perguntas importantes e que muitas vezes não conseguimos responder.
Mas isso acaba hoje! rs
Neste artigo falaremos sobre um framework proposto pela AWS que nos ajuda a responder essas e outras perguntas ao concebermos arquiteturas de solução para a nuvem.
O artigo está um pouco mais longo que o normal, mas prometo que valerá a pena. Nele você descobrirá:
- O que é o “AWS Well-Architected” framework;
- Quais são os pilares do “AWS Well-Architected” framework;
- Como funciona o processo de review do “AWS Well-Architected”;
- Quais são as ferramentas que a AWS provê para avaliarmos se uma arquitetura de solução está aderente ao “AWS Well-Architected”.
O que é o “AWS Well-Architected”
Eu resumiria o AWS Well-Architected framework como um conjunto de boas práticas para a criação de arquiteturas de solução em nuvem. Simples assim.
É como se fosse uma cartilha, com um conjunto de perguntas, que te fazem refletir se a solução que está sendo construída segue as boas práticas propostas pela AWS para se construir infraestruturas seguras, resilientes, eficientes e de alta performance para “workloads”.
O framework foi lançado em 2015 e possui cinco pilares que garantem essas características, são eles: excelência operacional, segurança, confiabilidade, eficiência de performance e otimização de custos.
O propósito do framework é ajudar os arquitetos de solução a tomarem decisões de arquitetura baseadas em padrões que os ajudem a propor soluções nativas para a cloud e a entender os potenciais impactos dessas soluções.
Esses pilares são baseados em áreas que normalmente são negligenciadas durante o processo de concepção da arquitetura, por isso o AWS Well-Architected framework provê um método para avaliar nossos “workloads”.
Workload é um conjunto de aplicações, componentes de infraestrutura, políticas, governanças e operações, que estão inter relacionados e que estão sendo executados na AWS.
O framework possui três componentes conforme a imagem abaixo:
Ao incorporar esses princípios e pilares na conceituação das arquiteturas de solução, times podem manter seu foco no desenvolvimento de funcionalidades que entreguem valor ao negócio e não mais em limitações da infraestrutura da solução.
Os usos mais comuns do AWS Well-Architected framework podem incluir:
- Ensinar os times de tecnologia a prover soluções em cloud de forma nativa, ou seja, que as soluções, desde sua concepção, sejam criados baseados em serviços da nuvem;
- Trabalhar na construção de um backlog de melhorias de arquitetura que nos permita diminuir os débitos técnicos e riscos da solução;
- É possível utilizar o framework como um mecanismo de governança ou processo interno que faça o bloqueio, em caso de inconformidade, antes do lançamento da solução;
- Com o framework, podemos comparar o grau de maturidade de diferentes times e o grau de maturidade de arquiteturas já existentes.
Em resumo, o AWS Well-Architected Framework descreve os principais conceitos, princípios de projeto e práticas recomendadas para projetar e executar workloads na nuvem.
Ao responder algumas perguntas fundamentais, você aprende o quanto sua arquitetura se alinha com as práticas recomendadas da nuvem e recebe orientações para fazer melhorias.
Quais são os pilares do “AWS Well-Architected” framework
Cada pilar dentro do framework possui funcionalidades, princípios de design e boas práticas que podem ser seguidas para se alcançar excelência em termos de arquitetura na nuvem.
O objetivo aqui não é entrar nos detalhes de cada pilar, pois, para isso, eu precisaria escrever um ou mais artigos para cada um deles. Irei, porém, fazer um breve resumo:
Pilar Excelência operacional
Esse pilar se concentra na execução e monitoramento dos sistemas e na melhoria contínua de processos e procedimentos.
Tópicos como automação de alterações, reação a eventos e definição de padrões para gerenciar as operações diárias fazem parte do escopo do pilar excelência operacional.
Pilar Segurança
Quando falamos de segurança em nuvem nos referimos à proteção de informações e sistemas.
Os principais tópicos abordados por esse pilar incluem confidencialidade e integridade de dados, gerenciamento de permissões de usuário e o estabelecimento de controle para detectar eventos de segurança.
Pilar Confiabilidade
O que se espera de uma solução é que ela faça aquilo para o qual foi construída.
O pilar da confiabilidade se concentra nesse aspecto, de que os “workloads” executem as funções pretendidas e se recuperem rapidamente em caso de falhas.
Os principais tópicos abordados neste pilar incluem o projeto de sistemas distribuídos, o planejamento de recuperação em caso de falhas e os requisitos de adaptação a mudanças.
Pilar Eficiência de Performance
Nesse pilar, ao falarmos de eficiência, o framework se concentra na alocação estruturada e simplificada de recursos de TI e computação.
Tópicos como a seleção dos tipos e tamanhos certos dos recursos otimizados para os requisitos de workload, o monitoramento da performance e manutenção da eficiência à medida que as necessidades comerciais e de negócio evoluem, são o core deste pilar.
Pilar Otimização de Custos
Ninguém gosta de gastos desnecessários e esse é um fator crítico para o crescimento sustentável de qualquer negócio. O pilar otimização de custos foca exatamente neste aspecto.
Os principais assuntos abordados nele são: a compreensão dos gastos ao longo do tempo e o controle da alocação de fundos, a seleção do tipo e quantidade certa de recursos e o dimensionamento para atender às necessidades de negócios sem gastos excessivos.
A documentação da AWS cita um sexto pilar, o pilar de sustentabilidade, cujo objetivo é minimizar os impactos ambientais da execução de workloads em nuvem.
Esse é um fator muito relevante em nossos dias dado que podemos ter śerias consequências da gestão não sustentável de recursos de computação.
Quem nunca ouviu falar do impacto energético causado pela mineração de criptomoedas?
Esse é um fator que já está sendo fortemente discutido pela comunidade e o AWS Well-Architected framework lida com essa questão nesse sexto pilar.
Como funciona o processo de review do “AWS Well-Architected”
Acredito que uma das perguntas mais importantes que os times de tecnologia deveriam ter em mente, ao conceber soluções para a nuvem, seria a seguinte: nosso sistema está bem arquitetado?
O processo de revisão proposto pelo AWS Well-Architected framework tem o objetivo de ajudar os times a ter a visão correta de sua arquitetura de solução antes de seu lançamento.
Por meio de uma abordagem estruturada de revisão, podemos validar se nossos “workloads” seguem as boas práticas de arquitetura propostas pela AWS.
Todos sabemos da complexidade de se construir sistemas distribuídos.
Esse processo de revisão nos direciona a arquitetar sistemas nativamente planejados para a nuvem.
Em resumo, os passos de revisão são os seguintes:
- O cliente, vamos colocar aqui o papel do arquiteto da solução como exemplo, responde uma série de perguntas baseadas nos pilares que abordamos acima;
- Ele escolhe as respostas, já pré definidas, baseando-se em como a arquitetura proposta irá resolver os desafios do negócio naquela área;
- Tendo esses dados como insumo, é possível abordar as vulnerabilidades e pontos de melhoria da arquitetura.
O processo de “review” não é uma forma de auditoria, mas uma maneira de garantir a melhoria contínua das arquiteturas de solução que estamos construindo.
Existe um time na AWS focado em definir essas boas práticas baseados em casos reais executados na nuvem da AWS.
O processo de “review” não é algo que é feito uma vez e acabou. Pelo contrário, para que haja a melhoria contínua de nossas soluções, esse é um processo que deveria fazer parte de todo o ciclo de vida de nossos produtos.
Quanto antes executarmos o processo de “review” em nossos workloads melhor.
Isso porque a cada revisão temos melhorias e aprendizados a serem considerados para tomada de decisões no escopo de arquitetura. Então, quanto antes, melhor.
E quais são os benefícios práticos da aplicação desse processo?
- Por meio das boas práticas de automatização de processos abordadas no framework, o processo de “build” e “deploy” de nossas soluções se torna mais rápido e mais seguro;
- Conseguimos mitigar e diminuir os riscos da arquitetura antes deles terem impacto no negócio;
- As decisões de melhoria de arquitetura são tomadas baseadas em informações, tendo como base boas práticas e não apenas achismos;
- Aprendizado do time baseado em boas práticas definidas a partir da experiência de revisão de milhares de arquiteturas pelo time da AWS.
Quais são as ferramentas que a AWS provê para avaliarmos se uma arquitetura de solução está aderente ao “AWS Well-Architected”
Como posso então aplicar o framework? Essa é a pergunta mais importante do dia.
A AWS provê “whitepapers” que abordam o framework em uma visão geral, assim como “whitepapers” que tratam de cada pilar especificamente. Um bom começo seria analisar esses documentos com bastante atenção.
Além disso, existem “whitepapers” descrevendo a aplicação do framework em perspectivas específicas, como, por exemplo, a perspectiva de análise de dados, de machine learning, e etc.
Conhecendo bem o framework, é possível que o próprio time responsável pela solução conduza o processo de revisão utilizando a ferramenta AWS Well-Architected Tool, disponível no console da AWS.
Existem também a opção de seu time trabalhar em parceria com os arquitetos de solução da AWS ou com parceiros da AWS para identificar e implementar melhorias nos “workloads” de sua empresa.
Isso é tudo pessoal. O AWS Well-Architected framework veio pra facilitar nossas vidas como engenheiros e arquitetos ao prover soluções em Cloud. Usem e abusem dessa ferramenta tão importante.

Referências
https://aws.amazon.com/pt/architecture/well-architected/
https://www.wellarchitectedlabs.com/
https://explore.skillbuilder.aws/learn/course/2045
https://docs.aws.amazon.com/wellarchitected/latest/framework/welcome.html